sábado, 30 de abril de 2016

Poema Climático : Poemx

O frio chegava
E o pano aquecia a pele
Para que a gente saísse pela rua
E cantasse a esperança
E a alegria pela cidade fria

Agora,
De outro canto do mundo
onde o frio nem é tão forte,
Os panos são poucos
Sair pela rua não é sacrifício
O frio serve, apenas, para lembrar outro tempo
Quando a gente andava pela rua
Cantando a esperança
E a alegria pela cidade fria

A saudade chegou
E a gente aprendeu
Que não há pano
Que esquente a alma

terça-feira, 26 de abril de 2016

Vidas Desperdiçadas : Zygmunt Bauman

Ser "redundante" significa ser extranumerário, desnecessário, sem uso - quaisquer que sejam os usos e necessidades responsáveis pelo estabelecimento dos padrões de utilidade e de indispensabilidade. Os outros não necessitam de você. Podem passar muito bem, e até melhor, sem você. Não há uma razão auto-evidente para você existir nem qualquer justificativa óbvia para que você reivindique seu direito à existência.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Panis et Circenses : Gilberto Gil

Mas as pessoas na sala de Jantar
Estão preocupadas em nascer
E morrer

quinta-feira, 14 de abril de 2016

A saudade que eu sinto : Poemx

A saudade que eu sinto é maior do que o planeta
Que eu penso poder colocá-la em volta dele
Para substituir a camada de ozônio e seus buracos
E salvar o mundo do aquecimento global

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Almanaque : Chico Buarque


Me responde por favor!
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba?

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Blues da Piedade : Cazuza

Pra quem não sabe amar
E fica esperando alguém 
Que caiba nos seus sonhos

: Arnaldo Antunes

O que você mais teme
acaba acontecendo

O que você mais quer
acaba acontecendo

O que ninguém espera
acaba acontecendo

O que ninguém consegue mais conter

acaba
de acontecer

domingo, 3 de abril de 2016

Lembranças alheias: café

— Mais parece que no lugar do coração tenho, hoje, meio quilo de carne moída.

— Que drama — Alice falou sem preocupação, afinal já estava acostumada com excesso de poesia ruim que as dores de cotovelo de Mariana produzia. — Segue adiante.

Maria, que olhava seu café esfriar, não manifestou descontentamento. Sabia que Alice tinha razão. Estava em uma situação em que não podia fazer nada. Era mais uma dor de cotovelo, já tinha sentido tantas outras. E não tinha convicção, como antes, para eleger essa como a pior da sua vida. Bem verdade que não achava que fosse. Ainda tentava entender se as dores tinham diminuído ou se ela tinha ficado mais resistente. De qualquer forma, não considerava nada disso um grande alento. O tempo e a repetição só a faziam sentir que tudo aquilo era uma grande perda de energia e se o sofrimento não era tão grande, o que apertava o peito era a inutilidade.

Depois de um suspiro, Maria pensou em como seus sentimentos já não tinham qualidade e confessou:

— Mais parece que no lugar do coração tenho meio quilo de carne moída. De segunda.