sexta-feira, 26 de março de 2010

Lembranças Alheias: Conversa

— Sabe o que é?! Não sei se devo ficar aqui mais tempo. Parece que aqui estou meio fora de mim. Não me vejo fazendo essas coisas todos os dias, sabe? Não queria que você ficasse chateado, sou muito grato por tudo que você tem feito por mim, nem sei o que eu teria feita sem tua ajuda. No mais, não posso fingir que estou contente pra sempre. A cidade é pequena, as limitações são muitas. Penso que deveria sair por aí pra conhecer mais coisas, por mais que seja arriscado. Mas de que vale a vida se a gente não arriscar Zé? Foi por causa do risco que eu vim parar aqui, que pude conhecer você que, certamente, nem anos, nem quilômetros poderão me fazer esquecer. Qualquer dia desses a gente morre Zé e quando vai ver não fez nada da vida. Não sei se você vai me achar meio doido ou se, sei lá, sempre achou, mas fazer o quê? Não estou fugindo de mim, estou me buscando Zé. Eu vim dar adeus. Eu volto, eu volto qualquer dia, quem sabe.

— Tá esperando o quê, ‘hômi’? Pode ir, qualquer dia desses a gente morre e num dá tempo nem de dizer tchau.